
Carta aberta aos espectadores desse documentário
Olá! Se você ainda não me conhece, me chamo Beatriz Bim, tenho 22 anos e curso Jornalismo no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Sempre fui curiosa, questionadora, entusiasta, e sonhava com o cotidiano da profissão. Ao longo do meu processo educacional e da breve experiência que tive no mercado de trabalho, estabeleci vínculos e conheci profissionais incríveis. Todas essas oportunidades foram essenciais para confirmar minha paixão pelo Jornalismo e pela arte, cultura e comunicação!
Ao longo desse caminho desenvolvendo o documentário, uma das perguntas que mais escutei foi "Nossa, por que você resolveu falar sobre isso?" Talvez a resposta seja um pouco menos emocionante do que esperavam, mas, caso isso também tenha passado pela sua cabeça, vou esclarecê-la nessa carta. Sou - até onde tenho conhecimento - neta e bisneta de benzedeira. Ser benzida sempre foi algo natural enquanto crescia, tão natural que nunca me questionei sobre a importância dessa prática.
Foi, então, no penúltimo semestre da faculdade, quando o fantasma do Trabalho de Conclusão de Curso começou a assombrar as salas de aula, que me questionei sobre o que gostaria de falar. Desenvolver um projeto ligado a cultura brasileira já era um desejo pré-definido, a dificuldade era decidir sobre o que.
Bastou uma recordação para surgir uma série de questionamentos. Ao lembrar da minha nona, que benzia, e avó, que ainda benze, dúvidas sobre essa prática que tanto diz sobre o povo brasileiro começaram a aparecer de maneira frenética em minha mente. "Como surgiu o benzimento?", "Por que ele é tão ligado ao Brasil?", "Existem jovens que benzem?", ou "Essa prática vai ser extinta quando essas senhoras não estiverem mais aqui?". Pronto, o tema foi decidido.
Assim, desenvolver o documentário "Tem benzedeira jovem na Terra, sim senhor" foi memorável. Da edição, a criação das artes, entrevistas e direção, o caminho que percorri me permitiu trabalhar com diversas áreas que tenho muito apreço. Mas, além dessas vivências, produzir o documentário me presenteou com a confirmação da minha paixão maior - tão importante de ser relembrada nesse período final de curso. Foi entrando em contato com as mais diversas histórias, cada uma com suas características, detalhes e preciosidades que pude entender melhor o caminho que desejo para o meu futuro. Percepção essa que coloriu toda a minha trajetória com o projeto.
Dessa forma, acredito que a maneira mais adequada de encerrar essa nada sucinta carta é agradecendo. Agradeço aos entrevistados que confiaram em mim para contar suas histórias. Agradeço aos meus familiares, em especial meu pai, mãe e irmã, que tanto me apoiaram nesse caminho, incentivaram o projeto e se disponibilizaram para assumir as mais diversas funções nesse percurso - de motorista a câmera dois. Agradeço também ao meu orientador, Pedro Ortiz, que incentivou minha criatividade e me auxiliou em todo o processo. E agradeço a você, que, por algum motivo decidiu ler essa carta e assistir ao documentário.
Que essa produção incentive o debate e a valorização do benzimento, essa linda prática que diz muito sobre nós, brasileiros.
Com muito carinho,
Beatriz Bim
